quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Amsterdã liberal, não libertina.




Cafés onde se pode fumar maconha sem qualquer preocupação. Ruas cheias de janelas com mulheres que oferecem serviços sexuais para os transeuntes. Tolerância para movimentos revolucionários e libertários de todos os matizes.

No imaginário coletivo a cidade de Amsterdã apresenta-se como uma cidade de total liberdade ou quase libertinagem Mas uma caminhada pelas ruas e pelos canais da bela capital da Holanda, ou melhor, dos Países Baixos, rapidamente nos afasta desta imagem preconcebida.

Claro que tantos os cafés como as janelas do Red Light District estão lá, disponíveis para os que procuram esses prazeres mundanos, mas quem toma um trem, pega um dos barcos que fazem transporte público nos canais interligados ou passeia pela Rembrandtplein, não percebe este clima de libertinagem, ao contrário!

A população e a cidade são sóbrias, tranquilas e respeitadoras dos costumes e das individualidades. Esse aparente paradoxo entre uma sociedade com elevado grau de tolerância para essas liberdades e uma população trabalhadora e pacata podem ser explicadas, entre outras coisas, por um costume tão próprio dos moradores de Amsterdã que tem uma palavra própria em holandês o “gedogen” que pode ser traduzido como algo que é tecnicamente ilegal, mas oficialmente tolerado.

Pelo menos essa é parte da explicação que Russell Shorto, um escritor americano radicado em Amsterdã, apresenta na introdução do seu livro Amsterdam, A history of the World´s Most Liberal City, onde ele conta a história da cidade a partir da formação e desenvolvimento do pensamento liberal na Europa e no mundo. Ou seja, a hipótese central do autor é a de que Amsterdã – por conta de uma série de características e condições históricas particulares – pode ser considerada o berço do pensamento liberal no mundo.

Inicialmente, é claro, o autor precisa deixar claro de que liberalismo ele está falando, já que ser liberal é um conceito cuja compreensão tem variado ao longo do tempo e nas diferentes regiões do mundo. Para Shorto o liberalismo que nasce na Amsterdã do século XVII é aquele baseado na valorização do indivíduo e no respeito ao direito dele exercer livremente suas escolhas particulares, sejam elas de ordem política, econômica, cultural ou religiosa.

No seu esforço em descrever a abrangência do liberalismo de Amsterdã o autor aponta as seguintes contribuições para a cultura ocidental e para “uma ideologia centrada em crenças quanto às liberdades individuais”: a criação do primeiro mercado de ações; uma sociedade focada nas preocupações e confortos dos indivíduos e que é governada por indivíduos agindo de forma conjunta e não baixo o tacão de uma força externa; a tolerância como princípio, seja ela religiosa, étnica ou de qualquer outra natureza; a arte como experimento da individualidade do ser humano e da preocupação em nos entendermos; o conceito de lar – a casa da família – como um espaço privado e aconchegante, em justaposição à corte e as casas do período medieval em que várias famílias eram obrigadas e viver conjuntamente e não eram claros os limites entre o privado e o público.

Apesar de buscar explicações para as condições particulares da história da formação da cidade de Amsterdã que permitiram que ela ocupasse posição de relevância no liberalismo mundial, o autor centra seu argumento na “era de ouro” dos Países Baixos. Assim, parcela maior do livro e da história da cidade que ele conta está dedicada aos anos da influência da cidade sobre a economia mundial durante os 1600´s, desde quando se iniciam os movimentos de independência do Reino de Espanha – na verdade do Sacro Império Romano – passando pela criação da Companhia das Índias Ocidentais (VOC), até a criação da república batava, sob o comando de De Witt.

Mas antes de chegar a este ponto da narrativa o autor descreve como o processo de criar um país a partir de uma área permanentemente inundada com uso de diques, canais e moinhos de vento moldou não só a Holanda que hoje conhecemos, mas este caráter que concilia a necessidade de trabalhar coletivamente, com a importância de respeitar as individualidades.

Este processo é tão presente na história da cidade que seu nome Amsterdã deriva do dique que foi construído como barragem do Rio Amstel (Amstel + Dam) e que hoje é o coração e a praça central da cidade.

O livro também conta uma surpreendente novidade: o primeiro ciclo de expansão da cidade – por volta dos 1300 – se deu devido a uma hóstia milagrosa que transformou Amsterdã num centro de peregrinação da cristandade, até o Sacro Imperador Maximiniano I fez peregrinação à cidade para pedir pela cura de seu filho, graça que acabou por receber, e que levou a construção de um sem número de mosteiros, igrejas e conventos na cidade.

Apesar dessa origem devocional, a cidade, ressaltando seu caráter liberal, aderiu às teses de Erasmo de Roterdã, Martinho Lutero e depois Calvino para se tornar um dos principais centros protestantes do norte da Europa. Não obstante o esforço do Imperador Carlos V e seu filho Felipe II em fazer valer o catolicismo romano e até mesmo de levar a Santa Inquisição para os Países Baixos, a repressão aos protestantes em Amsterdã foi, por assim dizer, para Inglês ver!

Era o famoso “gedogen” em ação. Apesar do protestantismo ser ilegal, desde que a pessoa não abusasse – basicamente mantivessem os cultos religiosos em lugares discretos – o governo olhava para o outro lado e não se metia na vida das pessoas. O problema é que chegou um momento que os tais encontros secretos – que se realizavam fora dos muros da cidade – passaram a reunir, discretamente (!), mais de cinco mil pessoas!!!

Assim, quando o Duque de Alba chegou aos Países Baixos e se instalou em Amsterdã para fazer valer os ditames do Sacro Imperador Romano, invadindo e ocupando as cidades holandesas e perseguindo todos os hereges após a instalação do Santo Ofício, os holandeses, sob o comando do Príncipe de Orange, se rebelaram e estourou a guerra dos 80 anos que culminou com a independência dos Países Baixos e com a primazia de Amsterdã como a capital da federação recém nascida.

É nesta Amsterdã liberal que as ideias de Erasmo de Roterdã vão ser publicadas, debatidas e influenciarão o movimento protestante à Igreja Católica de então. É também ali que René Descarte vai buscar abrigo, apoio e alguém com coragem para editar e publicar o seu revolucionário Discurso sobre o Método (que depois entrará no Index de Livros Proibidos pelo Vaticano) e onde o filósofo inglês John Locke vai buscar asilo, pois era perseguido na Inglaterra. Segundo o autor, na sua temporada pela cidade, incentivado pelos intelectuais liberais da época, ele faz algumas de suas primeiras publicações – sob a influência do pensamento local escreve A Letter Concerning Toleration – para depois se transformar no ideólogo do liberalismo.

Amsterdã é também o destino de milhares de judeus e cristãos novos que fogem da península Ibérica durante os anos mais duros da repressão Católica. Na cidade dos canais – em pleno desenvolvimento econômico e urbano – eles encontram o ambiente de tolerância necessário para se estabelecerem, resgatarem suas práticas religiosas e desenvolver sua aptidão para os negócios.

Entre os muitos filhos de judeus portugueses nascidos em Amsterdã é Bento De Espinoza – mais conhecido pelo seu nome hebreu Baruch Spinoza – que vai encarnar, sempre na opinião de Shorto, o espírito liberal da cidade e se tornar personagem central no seu argumento de como, desde Amsterdã do Século XVII, os ventos do liberalismo sopram e transformam todo o mundo ocidental.

Liberal certamente Amsterdã é. Ainda nos dias presentes a cidade é palco das mais variadas manifestações dos mais variados grupos, setores e propósitos. A famosa foto de John Lennon e Yoko Ono deitados numa cama de hotel (Bed Peace) foi tirada na cidade dos canais. Mas mais que liberal, Amsterdã é uma cidade para o individuo.

Interessante – isto o autor também destaca – como uma cidade que foi rica como ela foi durante quase um século é uma cidade sem prédios monumentais ou obras épicas.

O turista que passeia pelas suas ruas e canais não irá se deparar com nenhum castelo querendo competir com Versalhes ou uma igreja querendo rivalizar com São Pedro. Não há bulevares monumentais ou arcos triunfantes. Mesmo a Dam Square – a praça central da cidade – é bem normalzinha, por assim dizer.

A beleza da cidade está na sua solução urbanística projetada há mais de 300 anos e que até hoje mantem-se funcional. Está também no delicioso contraste entre os canais e as casinhas multicoloridas, de mesmo estilo, cada uma com seu barco à porta ou com flores enfeitando os parapeitos das janelas.

A cidade é plana, totalmente plana, ótima para uma caminhada ou para o passeio de bicicleta, o que permite que os turistas possam transitar por todo o centro sem ter que recorrer a coletivos, taxis ou outras soluções mais onerosas. Amsterdã é um convite para um passeio.

Como não há monumentos para buscar, cada rua, cada nova esquina, cada ponte sobre um canal pode revelar, para o turista, na rua seguinte uma pequena praça, uma feirinha de fim de semana ou um lugar que você se sinta bem, estando com você mesmo.

É claro que muito ficou do período da era dourada do desenvolvimento holandês, em especial no que se refere à arte e principalmente em se tratando de pintura. É bom lembrar, entretanto, que muito da produção dos Países Baixos antes da independência vai ser encontrado em Madri.

Quem busca Rubens, Van Dyck e similares fará melhor indo ao Museu do Prado, mas se você quer Rembrandt, Vermeer e seus contemporâneos, o  Rijksmuseum tem para todos os gostos. Não muito distante, ainda na Museumplein, está o Museu Van Gogh com obras deste espetacular pintor holandês. Quando estive por lá havia uma exposição temporária sobre a noite em Van Gogh com obras de tirar o fôlego.

A cidade tem ainda um sem número de museus para todos os gostos: do sexo, da Heineken, Madame Tussaud´s e o da Casa da Anne Franck – esse eu até me dispus a ir, mas quando cheguei, a fila para entrar era quilométrica. Assim, resolvi seguir a máxima da minha avó Ilay e “dar por visto”.

A visita ficou reservada para uma próxima ida à capital dos Países Baixos, desde que não esteja um dia de sol tão maravilhoso quanto aquele. Porque se a fila estiver igualmente grande, vou preferir seguir caminhando pela cidade, vendo o vai e vem das bicicletas, o movimento das famílias com suas crianças brincando nas praças ou dos jovens namorando no Vondelpark, comendo uma batata frita com maionese comprada em um dos muitos quiosques espalhados pelas ruas e apreciando o delicioso clima da cidade mais liberal do mundo.

domingo, 15 de dezembro de 2013

Mistério em Colônia!


Aqui estou eu mais uma vez às voltas com Umberto Eco no Aeroporto da Portela. Desta vez não por conta de um livro do autor italiano, mas porque ao procurar um livro para minha última viagem me deparei com um volume que se anunciava o melhor thriller medieval desde O Nome da Rosa!!!

Fã declarado do romance medieval que junta mistério, religião, morte e livros, produzido há cerca de 30 anos, não me contive e comprei o tal deixando outros que pareciam igualmente interessantes para uma próxima oportunidade.

A Oficina dos Livros Proibidos, de Eduardo Roca, é um romance que se passa na Alemanha medieval, mais precisamente na cidade de Colônia e, assim como aquele escrito por Eco, também trata de livros, igreja, mortes e mistérios. Mas devo confessar que a propaganda é um tanto enganosa.

Apesar do bom texto, especialmente na sua ambientação da Colônia no medievo, o romance é longo, com grande número de personagens, mais ou menos importantes, que vão sendo apresentadas à trama paulatinamente o que, para o meu gosto, faz com que o suspense e o mistério demorem demais a aparecer.

Personagem central da história, Lorentz é um ourives apaixonado por livros e por literatura que, por conta de ser canhoto, nunca conseguiu aquilo que realmente sonhava: ser copista e trabalhar em uma oficina especializada em copiar livros. Essa frustração acaba transformando-o, de acordo com o autor, em um precursor de Gutemberg.

A estória se desenrola em torno da vida de Lorentz e sua filha Erika, que em sua pequena casa em um bairro pobre de Colônia, começam a trabalhar na invenção de uma máquina capaz de copiar livros. Lorentz vai, passo a passo, desde a concepção dos tipos, passando pelo desenvolvimento dos tipos móveis, até as soluções que ele encontra para a prensa, a tinta e o uso do papel, por método de tentativa e erro, descobrindo o invento que irá revolucionar a história do mundo cristão e fazer dos livros algo barato (!) e acessível.

Nesta trajetória somos apresentados ao Burgomestre de Colônia (equivalente ao prefeito de então), ao Arcebispo que é, ao mesmo tempo, Príncipe Eleitor do Sacro Império e grande potentado de toda a região, ao rico proprietário da maior oficina de livros da cidade e ao pequeno círculo dos eruditos que pretendem difundir conhecimento e que vão apoiar o ourives na sua invenção.

As coisas caminham bem para Lorentz e sua engenhoca até que uma encomenda anônima para a produção de 200 volumes dos Evangelhos em Alemão – e não em Latim – vai colocar a ele e seus amigos no centro de um turbilhão político e religioso.

É neste momento, quando bíblia traduzida cai nas mãos do Arcebispo e o Burgomestre começa uma violenta investigação para descobrir a sua origem, que o thriller, por assim dizer, toma conta da leitura. Mas para tanto, o leitor já teve que trilhar quase 75% da estória e os menos obstinados talvez já tenham se enfadado das ruas de Colônia e das aberturas de capítulos sempre com referências às condições climáticas da cidade.

Muito diferente da experiência de ler O Nome da Rosa que nos prende desde a primeira página e não nos deixa larga-lo antes de saber quem está por trás dos misteriosos assassinatos que acontecem no mosteiro onde a trama está ambientada. Daí a propaganda enganosa!

Ao contrário do livro de Eduardo Roca, a cidade de Colônia nos prende desde o primeiro momento. Não há como não se impressionar com a magnifica catedral, o Kolner Dom que, de forma altaneira, vigia o Reno desde suas imensas torres e sua gigantesca estrutura.

Assim que você desembarca do trem e sai para a Bahnhofsvorplatz ela está lá, imponente, inescrupulosamente te obrigando a olhar para os céus e se sentir pequeno diante de sua beleza e altivez. Ao subir os degraus que levam para o pátio da Catedral o visitante está no ponto de partida e de chegada de qualquer roteiro na cidade e ela e seu entorno merecem uma visita sem pressa.

A Kolner Dom levou mais de 600 anos para ser construída – tanto assim que na novela de Roca ela ainda está em obras – e é a maior catedral gótica da Europa, capaz de tirar o fôlego de qualquer visitante, seja pelo seu tamanho e imponência, seja pela beleza de suas peças, especialmente o relicário onde estariam os restos mortais dos Três Reis Magos.

Mas Colônia é muito mais que a Dom. 

Tive a sorte de me hospedar nesta cidade bem no inicio do verão por conta da minha participação na COP 17 de mudanças climáticas e depois voltei lá para mais uma visita no final do outono, já começando a fazer frio. Nas duas ocasiões aproveitei para passear pelas ruas apertadas da cidade medieval, almoçar nos restaurantes que ficam no Fischmarkt, bem de frente para o rio, onde, na época em que se passa o thriller ficavam as docas do movimentado porto fluvial da cidade.

O lugar continua movimentado e agora, além do porto, tem um delicioso calçadão por onde se pode gastar boas horas caminhando, apreciando a beleza dos prédios de época, tomando uma Kolsch (cerveja típica de Colônia) num dos bares ou afastando o calor com um sorvete. Ali se pode pegar um barco e fazer um passeio pelo Reno, como também é de lá que se toma o barco para a cidade vizinha de Dusseldorf.

Se preferir continuar em terra firme, a caminhada no sentido oposto ao da catedral te levará ao museu do chocolate, que não é esse balaio todo, mas para os apreciadores da iguaria asteca tem uma lojinha com grande sortimento de chocolates e outras tantas variedades de doces e guloseimas.

Na primeira vez que estive por lá dei a sorte de descobrir que no Heumarkt, uma praça central na cidade antiga, estava acontecendo um festival de vinhos da região. Digo que dei sorte porque só descobri o evento porque peguei o trem errado e tive que saltar na estação da praça para fazer uma baldeação e me vi cercado por toda aquela algazarra.

Como era verão, chegava à praça voltando de Bonn por volta das 19 horas, com dia claro e ficava perambulando por ali, experimentando todas as variedades de vinho, sempre acompanhado de um salsichão alemão, que assim como a bebida, também vem em muitas opções. Dediquei boa parte de minhas noites jantando naquela praça, observando a animação das pessoas que, saindo do trabalho, iam encontrar amigos, familiares ou, assim como eu, apenas ver movimento.

Ali por perto fica a Rathaus, o antigo prédio da prefeitura, o museu da água de Colônia (que como o nome indica foi inventada ali em 1709), além de várias cervejarias tradicionais, as Brauhaus, onde se pode apreciar um joelho de porco com mais uma cerveja, preferencialmente, uma produzida na casa.

Tomando novamente a direção da catedral, passa-se pelo variado comércio da parte central da cidade e, na esplanada da grande igreja, não se pode deixar de visitar o ótimo museu do período do Império Romano, o Romisch-Germanisches Museum.

Colônia era a principal cidade do Império Romano daquelas bandas e seu nome vem deste período. A cidade chamava-se então Colônia Agripina, em homenagem a sua filha mais ilustre, Agripina, que veio a ser a mãe do piromaníaco Imperador Nero. Durante seus anos de poder e glória Agripina protegeu e favoreceu sua terra natal e, consequentemente, são muitas as referências a ela na história da cidade e nas peças do museu.

Também ali perto, por trás da Catedral – passando ao largo do Museu Ludwig, de arte moderna, que fica imediatamente atrás do primeiro – se alcança uma das pontes da cidade, aquela por onde passam os trens que vão para a estação central. Além de ser uma travessia gostosa, dependendo do clima é claro, ela permite belas fotos do skyline da cidade. Para minha surpresa, é a ponte em toda a Europa que eu mais vi ter aqueles cadeados pendurados, representando os votos de casais enamorados de todo o mundo.

Do outro lado do rio, a cidade é mais moderna e mais ampla e por onde se distribuem boa parte dos mais de 1 milhão de moradores de Colônia. Em geral, os hotéis daquele lado são mais novos e também mais baratos. Nas duas vezes que estive por lá, fiquei daquele lado e apesar do bom sistema de transporte público, várias vezes preferi fazer a travessia a pé aproveitando ao máximo minha estada.


Depois, ao ler sobre a cidade e suas atrações, descobri que também para aqueles lados havia coisas a conhecer e lugares para se divertir, mas confesso, que assim como os livros sobre história me atraem nas prateleiras de livrarias, mesmo quando são thrillers não tão bons, as partes antigas das cidades europeias exercem uma atração tal que dificilmente consigo me aventurar pelos outros bairros.