Cafés onde se pode fumar maconha sem qualquer preocupação. Ruas cheias de janelas com mulheres que oferecem serviços sexuais para os transeuntes.
Tolerância para movimentos revolucionários e libertários de todos os matizes.
No imaginário coletivo a cidade de Amsterdã apresenta-se como uma cidade de total liberdade ou quase libertinagem Mas uma caminhada pelas ruas e pelos canais da bela capital da Holanda, ou melhor, dos Países Baixos, rapidamente nos afasta desta imagem preconcebida.
Claro que tantos os cafés como as janelas do Red Light District estão lá, disponíveis para os que procuram esses prazeres mundanos, mas quem toma um trem, pega um dos barcos que fazem transporte público nos canais interligados ou passeia pela Rembrandtplein, não percebe este clima de libertinagem, ao contrário!
A população e a cidade são sóbrias, tranquilas e respeitadoras dos costumes e das individualidades. Esse aparente paradoxo entre uma sociedade com elevado grau de tolerância para essas liberdades e uma população trabalhadora e pacata podem ser explicadas, entre outras coisas, por um costume tão próprio dos moradores de Amsterdã que tem uma palavra própria em holandês o “gedogen” que pode ser traduzido como algo que é tecnicamente ilegal, mas oficialmente tolerado.
Pelo menos essa é parte da explicação que Russell Shorto, um escritor americano radicado em Amsterdã, apresenta na introdução do seu livro Amsterdam, A history of the World´s Most Liberal City, onde ele conta a história da cidade a partir da formação e desenvolvimento do pensamento liberal na Europa e no mundo. Ou seja, a hipótese central do autor é a de que Amsterdã – por conta de uma série de características e condições históricas particulares – pode ser considerada o berço do pensamento liberal no mundo.
Inicialmente, é claro, o autor precisa deixar claro de que liberalismo ele está falando, já que ser liberal é um conceito cuja compreensão tem variado ao longo do tempo e nas diferentes regiões do mundo. Para Shorto o liberalismo que nasce na Amsterdã do século XVII é aquele baseado na valorização do indivíduo e no respeito ao direito dele exercer livremente suas escolhas particulares, sejam elas de ordem política, econômica, cultural ou religiosa.
No seu esforço em descrever a abrangência do liberalismo de Amsterdã o autor aponta as seguintes contribuições para a cultura ocidental e para “uma ideologia centrada em crenças quanto às liberdades individuais”: a criação do primeiro mercado de ações; uma sociedade focada nas preocupações e confortos dos indivíduos e que é governada por indivíduos agindo de forma conjunta e não baixo o tacão de uma força externa; a tolerância como princípio, seja ela religiosa, étnica ou de qualquer outra natureza; a arte como experimento da individualidade do ser humano e da preocupação em nos entendermos; o conceito de lar – a casa da família – como um espaço privado e aconchegante, em justaposição à corte e as casas do período medieval em que várias famílias eram obrigadas e viver conjuntamente e não eram claros os limites entre o privado e o público.
Apesar de buscar explicações para as condições particulares da história da formação da cidade de Amsterdã que permitiram que ela ocupasse posição de relevância no liberalismo mundial, o autor centra seu argumento na “era de ouro” dos Países Baixos. Assim, parcela maior do livro e da história da cidade que ele conta está dedicada aos anos da influência da cidade sobre a economia mundial durante os 1600´s, desde quando se iniciam os movimentos de independência do Reino de Espanha – na verdade do Sacro Império Romano – passando pela criação da Companhia das Índias Ocidentais (VOC), até a criação da república batava, sob o comando de De Witt.
Mas antes de chegar a este ponto da narrativa o autor descreve como o processo de criar um país a partir de uma área permanentemente inundada com uso de diques, canais e moinhos de vento moldou não só a Holanda que hoje conhecemos, mas este caráter que concilia a necessidade de trabalhar coletivamente, com a importância de respeitar as individualidades.
Este processo é tão presente na história da cidade que seu nome Amsterdã deriva do dique que foi construído como barragem do Rio Amstel (Amstel + Dam) e que hoje é o coração e a praça central da cidade.
O livro também conta uma surpreendente novidade: o primeiro ciclo de expansão da cidade – por volta dos 1300 – se deu devido a uma hóstia milagrosa que transformou Amsterdã num centro de peregrinação da cristandade, até o Sacro Imperador Maximiniano I fez peregrinação à cidade para pedir pela cura de seu filho, graça que acabou por receber, e que levou a construção de um sem número de mosteiros, igrejas e conventos na cidade.
Apesar dessa origem devocional, a cidade, ressaltando seu caráter liberal, aderiu às teses de Erasmo de Roterdã, Martinho Lutero e depois Calvino para se tornar um dos principais centros protestantes do norte da Europa. Não obstante o esforço do Imperador Carlos V e seu filho Felipe II em fazer valer o catolicismo romano e até mesmo de levar a Santa Inquisição para os Países Baixos, a repressão aos protestantes em Amsterdã foi, por assim dizer, para Inglês ver!
Era o famoso “gedogen” em ação. Apesar do protestantismo ser ilegal, desde que a pessoa não abusasse – basicamente mantivessem os cultos religiosos em lugares discretos – o governo olhava para o outro lado e não se metia na vida das pessoas. O problema é que chegou um momento que os tais encontros secretos – que se realizavam fora dos muros da cidade – passaram a reunir, discretamente (!), mais de cinco mil pessoas!!!
Assim, quando o Duque de Alba chegou aos Países Baixos e se instalou em Amsterdã para fazer valer os ditames do Sacro Imperador Romano, invadindo e ocupando as cidades holandesas e perseguindo todos os hereges após a instalação do Santo Ofício, os holandeses, sob o comando do Príncipe de Orange, se rebelaram e estourou a guerra dos 80 anos que culminou com a independência dos Países Baixos e com a primazia de Amsterdã como a capital da federação recém nascida.
É nesta Amsterdã liberal que as ideias de Erasmo de Roterdã vão ser publicadas, debatidas e influenciarão o movimento protestante à Igreja Católica de então. É também ali que René Descarte vai buscar abrigo, apoio e alguém com coragem para editar e publicar o seu revolucionário Discurso sobre o Método (que depois entrará no Index de Livros Proibidos pelo Vaticano) e onde o filósofo inglês John Locke vai buscar asilo, pois era perseguido na Inglaterra. Segundo o autor, na sua temporada pela cidade, incentivado pelos intelectuais liberais da época, ele faz algumas de suas primeiras publicações – sob a influência do pensamento local escreve A Letter Concerning Toleration – para depois se transformar no ideólogo do liberalismo.
Amsterdã é também o destino de milhares de judeus e cristãos novos que fogem da península Ibérica durante os anos mais duros da repressão Católica. Na cidade dos canais – em pleno desenvolvimento econômico e urbano – eles encontram o ambiente de tolerância necessário para se estabelecerem, resgatarem suas práticas religiosas e desenvolver sua aptidão para os negócios.
Entre os muitos filhos de judeus portugueses nascidos em Amsterdã é Bento De Espinoza – mais conhecido pelo seu nome hebreu Baruch Spinoza – que vai encarnar, sempre na opinião de Shorto, o espírito liberal da cidade e se tornar personagem central no seu argumento de como, desde Amsterdã do Século XVII, os ventos do liberalismo sopram e transformam todo o mundo ocidental.
Liberal certamente Amsterdã é. Ainda nos dias presentes a cidade é palco das mais variadas manifestações dos mais variados grupos, setores e propósitos. A famosa foto de John Lennon e Yoko Ono deitados numa cama de hotel (Bed Peace) foi tirada na cidade dos canais. Mas mais que liberal, Amsterdã é uma cidade para o individuo.
Interessante – isto o autor também destaca – como uma cidade que foi rica como ela foi durante quase um século é uma cidade sem prédios monumentais ou obras épicas.
O turista que passeia pelas suas ruas e canais não irá se deparar com nenhum castelo querendo competir com Versalhes ou uma igreja querendo rivalizar com São Pedro. Não há bulevares monumentais ou arcos triunfantes. Mesmo a Dam Square – a praça central da cidade – é bem normalzinha, por assim dizer.
A beleza da cidade está na sua solução urbanística projetada há mais de 300 anos e que até hoje mantem-se funcional. Está também no delicioso contraste entre os canais e as casinhas multicoloridas, de mesmo estilo, cada uma com seu barco à porta ou com flores enfeitando os parapeitos das janelas.
A cidade é plana, totalmente plana, ótima para uma caminhada ou para o passeio de bicicleta, o que permite que os turistas possam transitar por todo o centro sem ter que recorrer a coletivos, taxis ou outras soluções mais onerosas. Amsterdã é um convite para um passeio.
Como não há monumentos para buscar, cada rua, cada nova esquina, cada ponte sobre um canal pode revelar, para o turista, na rua seguinte uma pequena praça, uma feirinha de fim de semana ou um lugar que você se sinta bem, estando com você mesmo.
É claro que muito ficou do período da era dourada do desenvolvimento holandês, em especial no que se refere à arte e principalmente em se tratando de pintura. É bom lembrar, entretanto, que muito da produção dos Países Baixos antes da independência vai ser encontrado em Madri.
Quem busca Rubens, Van Dyck e similares fará melhor indo ao Museu do Prado, mas se você quer Rembrandt, Vermeer e seus contemporâneos, o Rijksmuseum tem para todos os gostos. Não muito distante, ainda na Museumplein, está o Museu Van Gogh com obras deste espetacular pintor holandês. Quando estive por lá havia uma exposição temporária sobre a noite em Van Gogh com obras de tirar o fôlego.
A cidade tem ainda um sem número de museus para todos os gostos: do sexo, da Heineken, Madame Tussaud´s e o da Casa da Anne Franck – esse eu até me dispus a ir, mas quando cheguei, a fila para entrar era quilométrica. Assim, resolvi seguir a máxima da minha avó Ilay e “dar por visto”.
A visita ficou reservada para uma próxima ida à capital dos Países Baixos, desde que não esteja um dia de sol tão maravilhoso quanto aquele. Porque se a fila estiver igualmente grande, vou preferir seguir caminhando pela cidade, vendo o vai e vem das bicicletas, o movimento das famílias com suas crianças brincando nas praças ou dos jovens namorando no Vondelpark, comendo uma batata frita com maionese comprada em um dos muitos quiosques espalhados pelas ruas e apreciando o delicioso clima da cidade mais liberal do mundo.
No imaginário coletivo a cidade de Amsterdã apresenta-se como uma cidade de total liberdade ou quase libertinagem Mas uma caminhada pelas ruas e pelos canais da bela capital da Holanda, ou melhor, dos Países Baixos, rapidamente nos afasta desta imagem preconcebida.
Claro que tantos os cafés como as janelas do Red Light District estão lá, disponíveis para os que procuram esses prazeres mundanos, mas quem toma um trem, pega um dos barcos que fazem transporte público nos canais interligados ou passeia pela Rembrandtplein, não percebe este clima de libertinagem, ao contrário!
A população e a cidade são sóbrias, tranquilas e respeitadoras dos costumes e das individualidades. Esse aparente paradoxo entre uma sociedade com elevado grau de tolerância para essas liberdades e uma população trabalhadora e pacata podem ser explicadas, entre outras coisas, por um costume tão próprio dos moradores de Amsterdã que tem uma palavra própria em holandês o “gedogen” que pode ser traduzido como algo que é tecnicamente ilegal, mas oficialmente tolerado.
Pelo menos essa é parte da explicação que Russell Shorto, um escritor americano radicado em Amsterdã, apresenta na introdução do seu livro Amsterdam, A history of the World´s Most Liberal City, onde ele conta a história da cidade a partir da formação e desenvolvimento do pensamento liberal na Europa e no mundo. Ou seja, a hipótese central do autor é a de que Amsterdã – por conta de uma série de características e condições históricas particulares – pode ser considerada o berço do pensamento liberal no mundo.
Inicialmente, é claro, o autor precisa deixar claro de que liberalismo ele está falando, já que ser liberal é um conceito cuja compreensão tem variado ao longo do tempo e nas diferentes regiões do mundo. Para Shorto o liberalismo que nasce na Amsterdã do século XVII é aquele baseado na valorização do indivíduo e no respeito ao direito dele exercer livremente suas escolhas particulares, sejam elas de ordem política, econômica, cultural ou religiosa.
No seu esforço em descrever a abrangência do liberalismo de Amsterdã o autor aponta as seguintes contribuições para a cultura ocidental e para “uma ideologia centrada em crenças quanto às liberdades individuais”: a criação do primeiro mercado de ações; uma sociedade focada nas preocupações e confortos dos indivíduos e que é governada por indivíduos agindo de forma conjunta e não baixo o tacão de uma força externa; a tolerância como princípio, seja ela religiosa, étnica ou de qualquer outra natureza; a arte como experimento da individualidade do ser humano e da preocupação em nos entendermos; o conceito de lar – a casa da família – como um espaço privado e aconchegante, em justaposição à corte e as casas do período medieval em que várias famílias eram obrigadas e viver conjuntamente e não eram claros os limites entre o privado e o público.
Apesar de buscar explicações para as condições particulares da história da formação da cidade de Amsterdã que permitiram que ela ocupasse posição de relevância no liberalismo mundial, o autor centra seu argumento na “era de ouro” dos Países Baixos. Assim, parcela maior do livro e da história da cidade que ele conta está dedicada aos anos da influência da cidade sobre a economia mundial durante os 1600´s, desde quando se iniciam os movimentos de independência do Reino de Espanha – na verdade do Sacro Império Romano – passando pela criação da Companhia das Índias Ocidentais (VOC), até a criação da república batava, sob o comando de De Witt.
Mas antes de chegar a este ponto da narrativa o autor descreve como o processo de criar um país a partir de uma área permanentemente inundada com uso de diques, canais e moinhos de vento moldou não só a Holanda que hoje conhecemos, mas este caráter que concilia a necessidade de trabalhar coletivamente, com a importância de respeitar as individualidades.
Este processo é tão presente na história da cidade que seu nome Amsterdã deriva do dique que foi construído como barragem do Rio Amstel (Amstel + Dam) e que hoje é o coração e a praça central da cidade.
O livro também conta uma surpreendente novidade: o primeiro ciclo de expansão da cidade – por volta dos 1300 – se deu devido a uma hóstia milagrosa que transformou Amsterdã num centro de peregrinação da cristandade, até o Sacro Imperador Maximiniano I fez peregrinação à cidade para pedir pela cura de seu filho, graça que acabou por receber, e que levou a construção de um sem número de mosteiros, igrejas e conventos na cidade.
Apesar dessa origem devocional, a cidade, ressaltando seu caráter liberal, aderiu às teses de Erasmo de Roterdã, Martinho Lutero e depois Calvino para se tornar um dos principais centros protestantes do norte da Europa. Não obstante o esforço do Imperador Carlos V e seu filho Felipe II em fazer valer o catolicismo romano e até mesmo de levar a Santa Inquisição para os Países Baixos, a repressão aos protestantes em Amsterdã foi, por assim dizer, para Inglês ver!
Era o famoso “gedogen” em ação. Apesar do protestantismo ser ilegal, desde que a pessoa não abusasse – basicamente mantivessem os cultos religiosos em lugares discretos – o governo olhava para o outro lado e não se metia na vida das pessoas. O problema é que chegou um momento que os tais encontros secretos – que se realizavam fora dos muros da cidade – passaram a reunir, discretamente (!), mais de cinco mil pessoas!!!
Assim, quando o Duque de Alba chegou aos Países Baixos e se instalou em Amsterdã para fazer valer os ditames do Sacro Imperador Romano, invadindo e ocupando as cidades holandesas e perseguindo todos os hereges após a instalação do Santo Ofício, os holandeses, sob o comando do Príncipe de Orange, se rebelaram e estourou a guerra dos 80 anos que culminou com a independência dos Países Baixos e com a primazia de Amsterdã como a capital da federação recém nascida.
É nesta Amsterdã liberal que as ideias de Erasmo de Roterdã vão ser publicadas, debatidas e influenciarão o movimento protestante à Igreja Católica de então. É também ali que René Descarte vai buscar abrigo, apoio e alguém com coragem para editar e publicar o seu revolucionário Discurso sobre o Método (que depois entrará no Index de Livros Proibidos pelo Vaticano) e onde o filósofo inglês John Locke vai buscar asilo, pois era perseguido na Inglaterra. Segundo o autor, na sua temporada pela cidade, incentivado pelos intelectuais liberais da época, ele faz algumas de suas primeiras publicações – sob a influência do pensamento local escreve A Letter Concerning Toleration – para depois se transformar no ideólogo do liberalismo.
Amsterdã é também o destino de milhares de judeus e cristãos novos que fogem da península Ibérica durante os anos mais duros da repressão Católica. Na cidade dos canais – em pleno desenvolvimento econômico e urbano – eles encontram o ambiente de tolerância necessário para se estabelecerem, resgatarem suas práticas religiosas e desenvolver sua aptidão para os negócios.
Entre os muitos filhos de judeus portugueses nascidos em Amsterdã é Bento De Espinoza – mais conhecido pelo seu nome hebreu Baruch Spinoza – que vai encarnar, sempre na opinião de Shorto, o espírito liberal da cidade e se tornar personagem central no seu argumento de como, desde Amsterdã do Século XVII, os ventos do liberalismo sopram e transformam todo o mundo ocidental.
Liberal certamente Amsterdã é. Ainda nos dias presentes a cidade é palco das mais variadas manifestações dos mais variados grupos, setores e propósitos. A famosa foto de John Lennon e Yoko Ono deitados numa cama de hotel (Bed Peace) foi tirada na cidade dos canais. Mas mais que liberal, Amsterdã é uma cidade para o individuo.
Interessante – isto o autor também destaca – como uma cidade que foi rica como ela foi durante quase um século é uma cidade sem prédios monumentais ou obras épicas.
O turista que passeia pelas suas ruas e canais não irá se deparar com nenhum castelo querendo competir com Versalhes ou uma igreja querendo rivalizar com São Pedro. Não há bulevares monumentais ou arcos triunfantes. Mesmo a Dam Square – a praça central da cidade – é bem normalzinha, por assim dizer.
A beleza da cidade está na sua solução urbanística projetada há mais de 300 anos e que até hoje mantem-se funcional. Está também no delicioso contraste entre os canais e as casinhas multicoloridas, de mesmo estilo, cada uma com seu barco à porta ou com flores enfeitando os parapeitos das janelas.
A cidade é plana, totalmente plana, ótima para uma caminhada ou para o passeio de bicicleta, o que permite que os turistas possam transitar por todo o centro sem ter que recorrer a coletivos, taxis ou outras soluções mais onerosas. Amsterdã é um convite para um passeio.
Como não há monumentos para buscar, cada rua, cada nova esquina, cada ponte sobre um canal pode revelar, para o turista, na rua seguinte uma pequena praça, uma feirinha de fim de semana ou um lugar que você se sinta bem, estando com você mesmo.
É claro que muito ficou do período da era dourada do desenvolvimento holandês, em especial no que se refere à arte e principalmente em se tratando de pintura. É bom lembrar, entretanto, que muito da produção dos Países Baixos antes da independência vai ser encontrado em Madri.
Quem busca Rubens, Van Dyck e similares fará melhor indo ao Museu do Prado, mas se você quer Rembrandt, Vermeer e seus contemporâneos, o Rijksmuseum tem para todos os gostos. Não muito distante, ainda na Museumplein, está o Museu Van Gogh com obras deste espetacular pintor holandês. Quando estive por lá havia uma exposição temporária sobre a noite em Van Gogh com obras de tirar o fôlego.
A cidade tem ainda um sem número de museus para todos os gostos: do sexo, da Heineken, Madame Tussaud´s e o da Casa da Anne Franck – esse eu até me dispus a ir, mas quando cheguei, a fila para entrar era quilométrica. Assim, resolvi seguir a máxima da minha avó Ilay e “dar por visto”.
A visita ficou reservada para uma próxima ida à capital dos Países Baixos, desde que não esteja um dia de sol tão maravilhoso quanto aquele. Porque se a fila estiver igualmente grande, vou preferir seguir caminhando pela cidade, vendo o vai e vem das bicicletas, o movimento das famílias com suas crianças brincando nas praças ou dos jovens namorando no Vondelpark, comendo uma batata frita com maionese comprada em um dos muitos quiosques espalhados pelas ruas e apreciando o delicioso clima da cidade mais liberal do mundo.
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