domingo, 21 de abril de 2013

Dan Brown e outros demônios


Ok, eu confesso.
Li todos – ou quase todos – os livros de Dan Brown!
Claro que o primeiro foi o Código Da Vinci. Mas depois os títulos se sucederam: Fortaleza Digital, Anjos e Demônios, Ponto de Impacto, etc... Sem qualquer ordem ou lógica. Literatura fácil, de avião. Uns melhores que outros. Entretenimento pueril e agradável passatempo.

Os leitores mais sofisticados podem torcer seus narizes, mas esses romances sempre me agradaram pela sua dinâmica globe-trotter. Dorme em Washington, acorda em Paris e logo em seguida está na Suíça, em Roma ou qualquer outro lugar interessante do mundo.
É um efeito similar ao que os filmes do 007 me causam: vontade de viajar.

Mas dos muitos lugares visitados pelas personagens de Dan Brown um voltou à minha lembrança mais recentemente.

No livro Anjos e Demônios, que se passa majoritariamente em Roma, o autor se refere a uma ligação secreta (ou pelo menos achei que era uma passagem secreta quando li o livro) existente entre a Cidade do Vaticano e o Castel Sant´Ângelo.
Depois, quando no Vaticano, descobri que a tal passagem não é nada secreta.  É uma construção, que me lembrou um aqueduto, ligando a Basílica de São Pedro ao castelo.

Saindo da Praça São Pedro pela Via della Conciliazone na direção do Rio Tevere a construção fica à esquerda e nos acompanha por todo o trajeto escondida pelos prédios. Ela só fica completamente visível quando se chega à praça por onde se entra no castelo.
No livro de Dan Brown a passagem serve de trajetória para mais uma daquelas fugas espetaculares deste tipo de livro e é de lá que ele observa a explosão do carro que ele usaria.
Esta passagem do livro me veio à lembrança quando estava assistindo a um programa sobre a Guarda Suíça e fiquei sabendo que o dia 6 de maio é quando este pequeno exército pessoal dos papas promove o ingresso de seus novos membros.

Nesta data, no ano de 1527, os cerca de 150 membros da Guarda se bateram contra quase 1.000 soldados das tropas invasoras dos exércitos de Carlos V de Habsburgo. No combate morreram 108 guardas papais, mas sua resistência permitiu que o Papa Clemente VII, com apoio dos demais soldados, escapasse para o Sant´Ângelo usando a tal passagem e assim se safasse.
Com seus uniformes coloridos do século XV a Guarda Suiça parece um anacronismo nas modernas avenidas e prédios que circundam a praça São Pedro no Vaticano, para onde milhares de pessoas afluem todo domingo para verem o Papa em sua aparição na janela, já que ir a Roma e não ver o Papa é falha de enorme gravidade para os turistas de plantão.
Já o Castelo é uma atração que vale a pena visitar. Não apenas por ser o local construído para o sepultamento do Imperador Adriano, por ter sido a fortaleza de defesa de muitos papas ou pelas peças que compõem o museu que hoje abriga.

Como em Roma nenhuma construção pode ser mais alta que a cúpula da Basílica e pela posição defensiva da fortaleza, a vista que se tem da cidade a partir do café do museu vale a entrada e o esforço de subir a rampa em caracol que nos leva até a parte superior das muralhas.
Principalmente se for ao entardecer!

Aí sim, o Tévere explode em cores e contrates que, somados aos prédios baixos e às luzes da cidade que começam a se acender, transformam qualquer Frascatti numa Veuve Cliquot.
Depois, atravesse a ponte e se perca no labirinto de pequenas ruas e praças da cidade das sete colinas. Sem precisar planejamento ou sem mapa você vai encontrar um restaurante pequeno, discreto e delicioso. 
Num desses dias de domingo, voltando de uma frustrada visita ao Museu do Vaticano, passamos pelo Castelo, fizemos a travessia do Tevere, encontramos um.
A casa estava lotada e não tínhamos feito reserva, mas o proprietário, que havia morado em São Paulo e Brasília por vários anos, foi atencioso o suficiente para nos conseguir uma mesinha do lado de fora. O dia estava esplendoroso, a comida uma delícia e o vinho à altura para apreciarmos o vai e vem das pessoas.
Muitas vezes, em lugar da pressa e agitação das personagens dos romances de Dan Brown, a calma e a tranquilidade de uma bucólica e piccola piazza dão todo sentido às nossas viagens.
 


3 comentários:

  1. Mais uma vez, excelente seu texto, meu irmão. Você é fera! Estou adorando! Que venham mais domingos de ócio!!!!

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  2. bom texto! instigante e inquieto escritor você se revelou. os bons jamais se rendem às inquietações da mente.

    sucesso na empreitada!!!

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  3. Obrigado Lilia e Ana Luzia...
    Com este estímulo vou ver se antes do fim de semana consigo escrever mais um...

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